Qual praticante de artes marciais japonesas, quaisquer que sejam, afinal algum dia não se pegou perguntando "qual é a diferença entre JITSU e JUTSU?
Jitsu (実) - é um kanji usado como “honestidade” ou “verdade”, tal como no termo 実は“jitsu-wa” (real, na verdade).
Jutsu (術) - é um kanji usado para “técnica” ou “método”. Os japoneses empregavam essa terminologia para definir artes marciais potencialmente letais e/ou fatais sendo as mesmas utilizadas ativamente para esse fim em tempos de guerra, tais como o kenjutsu, ninjutsu, taijutsu, jujutsu e etc.
Do (道) - significa “caminho” em sua conotação filosófica. O termo passou a ser amplamente utilizado para substituir o jutsu das artes marciais a partir da era Meiji no Japão.
Explicando melhor:
Jujutsu é um nome coletivo para artes marciais japonesas, incluindo técnicas de combate armado e desarmado. Até a II Guerra Mundial o JuJutsu fazia parte do currículo da polícia japonesa. Muitos dos atuais praticantes de artes marciais atribuem o nome jujutsu à técnica marcial ensinada pelo monge indiano Zen-budista Bodhidharma, porém “atribuir ao Jujutsu a origem chinesa (sobre a ‘origem indiana’ nem se cogita) é o mesmo que atribuir ao inventor da roda o desenvolvimento dos carros modernos. O Jujutsu em si é produto japonês.” (Donn F. Draeger. Classical Budo. p. 113).
Ao fim da era Tokugawa existiam centenas de estilos de Jujutsu, cada um enfatizava técnicas de acordo com o que era mais conveniente. O jujutsu foi o prelúdio para a evolução de diversas artes marciais e o grande responsável pelo desenvolvimento do taijutsu (体術), as “artes corporais” tais como o judô, o sumo, o aikido e etc.
Quando a família Gracie aprendeu judô com Esai Maeda (Conde Koma) em Belém (no Pará) na primeira metade do século XX, o primogênito Carlos Gracie ensinou as técnicas de judô Hélio Gracie, o menor e mais frágil entre os irmãos e este se especializou nas técnicas de solo e alavanca. É dito que Carlos Gracie lançou diversos desafios a lutadores da época enfrentando e vencendo oponentes maiores e mais pesados. Tão logo a família ganhou fama acabou atraindo muitos alunos para o Rio de Janeiro, local onde os Gracie abriram sua primeira academia. Hoje o "jujutsu brasileiro" é uma das artes marciais mais funcionais e respeitadas do mundo.
O termo Do veio substituir o Jutsu na denominação de algumas das artes marciais japonesas, uma vez que jutsu tenha conotação bélica do que o Do e já não era mais necessário o treinamento de auto-defesa visando a guerra ou a morte. Com a arte dos Gracie aconteceu o contrário. O nome jujutsu foi adotado pela família para batizar seu estilo de luta e diferencia-lo do judô ensinado por Koma.
Romaji
O romaji é um método relativamente recente de transcrição fonética da língua japonesa para o alfabeto romano e foi influenciado especialmente pelo português e inglês. Por exemplo, o romaji para 中段突き(soco no nível médio/peito/plexo solar) é chudan tsuki. Ao transcrever o termo sem o romaji os países de língua portuguesa poderiam grafar como tiudâm tisuqui, enquanto nativos de outras línguas grafariam de outra forma. A padronização romaji visa facilitar o aprendizado da língua nipônica. Tão logo, o termo Jitsu para a arte praticada pelos Gracie partiu de um erro de pronúncia dos brasileiros.
A sílaba ju em japonês é pronunciada “djiu”. A pronúncia da letra D é amarrada à da letra J e a letra I fica quase incógnita. Logo jujutsu pronuncia-se djiu djiutisu. Repetições rápidas das palavras e de erros de fonética provavelmente levaram os alunos brasileiros a tonificarem alguns sons e omitirem outros. Por fim JuJutsu tornou-se JiuJitsu. Autores que fazem referência ao modo nipônico de transcrever a arte dos Gracie utilizam os mesmos caracteres e significados utilizados para JuJutsu – arte/técnica suave, ou seja, em grafia ambas as artes são exatamente iguais. Porém, se Jitsu fosse grafado utilizando-se o kanji correto referente ao termo, JiuJitsu significaria ao pé da letra “verdade suave”.
Por fim o termo Jitsu acabou exportado erroneamente do Jujutsu dos Gracie para transcrever outras artes japonesas. Escolas tradicionais que prezam suas raízes nipônicas utilizam apenas o termo jutsu, quando é o caso. Escolas ou academias que grafam jitsu (por exemplo, ninjitsu) geralmente são de origem duvidosa.
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Bibliografia
http://www.bugei.com.br/bugei/disciplinas/jujutsu.asp
http://japanese.about.com/od/
http://wsu.edu/~dee/KABUKI/
http://www.adrr.com/bengoshi/
http://www.cbjj.com.br/hjj.htm
http://jiujitsuartesuave.
http://pt.wikipedia.org/wiki/
https://www.orientaloutpost.
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