21 de mai. de 2009

Bubishi e a antiga Okinawa

Patrick Macarthy é um então ocidental como nós que resolveu compilar em um único livro todos os registros e histórias que os Uchinanchu (okinawanos) e os próprios chineses difundem através de eras. Seu livro conta, além de outros fatos, as principais teorias que circulam no Japão sobre a origem do karate, de como o Bubishi chegou a Okinawa e influenciou diferentes mestres que viriam a serem precursores de diferentes estilos.

O Bubishi é uma compilação marcial que inclui não apenas técnicas de luta e estratégias bélicas como também alguns segredos da medicina chinesa. Tal documento não foi totalmente decifrado ainda nos dias de hoje, uma vez que muito caracteres deixaram de existir ou foram transformados perdendo seu significado com o passar do tempo.

O livro faz uma breve citação sobre o vínculo que existia entre os habitantes de Okinawa e a China, e quem diria, ele contraria o senso comum de que ilha sempre teve estreitos laços com o Japão mesmo antes da invasão do Clã Satsuma. É dito que o vínculo entre os Uchinanchu e os chineses na época em que, o que conhecemos hoje como Karate-Do era Toudi-Jutsu ou To-de ou To-te, era muito maior do que o tênue elo geográfico que aproximava Ryukyu da terra do Sol Nascente. Se não fosse pela força do clã Satsuma que invadiu RyuKyu em 1609 talvez Okinawa seria hoje parte da China devido ao estreito elo comercial e cultural. Patrick também faz uma citação sobre a uma teoria não muito difundida por aqui de que a raízes mais profundas do Toudi-jutsu (a capa do livro ao lado) estão nas chamadas “Trinta e Seis Famílias”, imigrantes chineses que se instalaram no vilarejo Kume (ou Kuninda) em Okinawa no século XIV e que passaram a ensinar kung-fu para os Uchinanchu, tudo isso antes das duas proibições do porte de armas (Sho Shin e Satsuma). Com o aperfeiçoamento do toudi-jutsu com o passar de gerações é que muitos mestres foram à China e trouxeram influências mais diretas do kung-fu.

Os Okinawanos ou Uchinanchu possuíam um dialeto próprio com uma estrutura social e uma cultura totalmente à parte dos japoneses. A antiga estrutura social era dividida em onze níveis: príncipes (irmãos ou tios do rei), Aji (filhos dos irmãos e tios do rei, os japoneses comparam os Aji aos Daimyo, os senhores feudais), Oyakata (equivalente a samurai de nível alto) e outras classes menores como, oyataka-pechin, satunushi, saka satunushi, satunushi pechin, chikudun, chikudun zashiki e niya. Assim como no Japão, o cronograma histórico também é dividido em eras, e era assim:

Dinastia Shunten (1186 - 1253)
Shunten (1186 – 1237)
Shumma-junki (1238-48)
Gihon (1249-59)

Dinastia Eiso (1260-1349)
Eiso (1260-99)
Taisei (1300-08)
Eiji (1309-13)
Tamagusuku (1314-36)

Dinastia Satto (1349-1407)
Satto (1350-95)
Bunei (1396-1405)

Primeira dinastia Sho (1407-69) Entre as datas citadas abaixo é que entra a primeira proibição de porte de armas que impulsionou o desenvolvimento da nossa arte.

Sho Shiso (1406-21)
Sho Hashi (1422-39)
Shu Chu (1440-44)
Sho Shita
tsu (1445-49)
Sho Kinfuku (1450-53)
Sho Taikyu (1454-60)
Sho Toku
(1461-68)

Segunda dinastia Sho (1470-1879)
Sho En (1470-76)
Sho Seni (1477)
Sho Shin (1477-1526) (ao lado)
Sho Sei (1527-55)
Sho Gen (1556-72)
Sho Ei (1573-88)
Sho Nei (1589-1620)
Sho Ho (1621-40)
Sho Ken (1641-47)
Sho Shitsu (1648-68)
Sho Tei (1669-1709)
Sho Eki (1710-12)
Sho Kei (1713-51)
Sho Boku (1752-94)

Sho On (1795-1802)
Sho Sei (1803)
Sho Ko (1804-34)
Sho Iku (1835-47)
Sho Tai (1848-79)

Oss!

Um comentário:

Rogério Santos Sensei disse...

Gostei desse artigo, é muito bom obter informações como essas. Como artista marcial considero proveitoso o conhecimento de fontes importantes para nos enriquecer culturalmente. As raízes daquilo que vivenciamos considero muito útil para a nossa didática marcial. Esse livro é um registro clássico das origens do Karate-Do. Oss!